Estava lendo o New York Times / Folha de São Paulo desta segunda (20) e me deparei com uma reportagem de Rachel Donadio falando sobre imigrantes chineses na cidade de Prato, Itália.
Não quero falar sobre o que está ocorrendo lá mas sim sobre a ideia do texto na qual me vejo assistindo acontecer tanto comigo quanto com a minha Campo Grande.
Rachel abordava sobre a queda de qualidade em produtos com etiqueta Italiana, por causa da invasão de empresas de imigrantes chineses que estavam dominando a produção de vestuários na cidade com produtos mais baratos e com qualidade inferior. Muitas empresas italianas tem fechado por causa disso e o clima tem esquentado com a diferença na qualidade de vida que Italianos possuem e Chineses estão começando a ter. Questões até de imigração, seja legal ou ilegal estão sendo abordadas por dificuldades que o povo, de fato Italiano, tem passado. ..
Onde estou eu na história? Entre China x Itália lugar algum, mas entre Mato Grosso do Sul x China ou Bolívia x Mato Grosso do Sul, Paraguai x Mato Grosso do Sul tem muito de mim.. eheheh
Em Campo Grande, sempre que estava no centro e queria comer um bom lanche sem ter muito dinheiro comia em uma lanchonete na 14 de Julho, não me lembro o nome, mas de fato uma lanchonete Chinesa. Eles fazem um salgado ótimo por um preço super em conta e se trata de um salgado gigante. Comecei a frequentar esta lanchonete aproximadamente em Junho do ano passado.. De lá pra cá abriram mais 3 lanchonetes chinesas na mesma avenida vendendo ótimos salgados e também gigantes. Não sei como estão hoje os salgados, não sei se hoje são 4 lanchonetes nem se os donos continuam sendo Chineses, mas fato é que minha cidade é uma cidade comercial e abriga muito bem pessoas que querem trabalhar com serviços de bar, restaurante e lanchonetes. Estes comerciantes que se instalaram, apesar de um atendimento e cardápio simples, fazem valer a expansão, já que possuem um ambiente agradável e bons preços . Mas agora fico com medo..
É.. Antes alegre por ver Chineses indo morar na minha cidade hoje tenho medo. A lanchonete que eu costumava frequentar é dirigida por uma família de chineses. O dono, esposa e filhos trabalham no local e alguns poucos campo-grandenses também. A mesma coisa ocorre nas outras lanchonetes, porém com menos chineses e mais campo-grandenses mas em todos os casos os donos são chineses. Hoje, depois da leitura, me pergunto: Para onde vai os lucros destas lanchonetes? Será que estão sendo gastos dentro do meu estado ou pelo menos dentro dos limites do meu país?
Não tenho nada contra a imigração, mas acho que Campo Grande deveria se preocupar pois é uma cidade onde o comércio move toda uma cadeia de produção. Bolivianos estão presentes também, porém de forma diferente. Existem fabricas de roupas instaladas em diversas regiões da cidade, algumas inclusive de forma muito amadora como a presente na Av. Eduardo Elias Zaran que abriga muitos bolivianos mal remunerados e aparentemente com péssimas condições de trabalho. Estes porém gastam o dinheiro que ganham dentro do próprio país. Em busca de uma vida melhor vão para Campo Grande e se instalam com sua família.
Apoio atitudes como esta, uma vez que ocupam muitas vagas ociosas (Campo Grande tem muita vaga na área de costura e poucos profissionais na área) e acabam não interferindo na roda que gira a economia campo-grandense. O relacionamento Paraguai x Mato Grosso do Sul é mais amistoso ainda. É raro ver paraguaios que se instalam em Mato Grosso do Sul. Eles vem até a capital, vendem seus produtos que são revendidos por moradores e distribuem o lucro no comércio local.
Aqui em São Paulo, pelo menos nas áreas em que tenho frequentado tenho percebido uma presença muito forte de Coreanos. Não sei também como estes agem com suas remunerações nem como distribuem suas rendas, mas fato é que São Paulo de repente perde muito com lucros que não estão circulando na quantidade que deveriam dentro da cidade.
Minha dica não fica para São Paulo e sim para Campo Grande que é meu foco de preocupação. Políticas que ajudem ou "forcem" a menor saída possível de dinheiro do comércio local para outros locais. Campo-grandenses são administradores natos, mas são muito passivos aos estrangeiros.. aprendi em São Paulo que isso é um defeito grave e com consequências nada interessantes. Eles não investem como deveriam ou poderiam nem se preocupam com qualidade ou desenvolvimento local. Eles querem lucrar apenas. Contratam sim e geram empregos sim mas não investem como deveriam. Empresas são bem vindas uma vez que crescem na localidade a medida que crescem as vendas. Agora imigrantes que não se preocupam com a cidade onde estão.. Não.
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