Eu não ia postar este. Primeiro por que não se trata de nenhuma das minhas toscas e acariciadas histórias. Segundo por que não me sinto seguro para postar.. Acontece que fui incentivado esta noite de forma muito indireta a publica-la. Então segue:
Eu sinto minha vida escorrer como quem sangra,
Sinto ela passar como carros na avenida.
Me sinto sumir igual as coisas que nunca existiram, igual as ideias abandonadas.
Desnorteadamente e em cadência lenta caminho para o nada como quem vai para a vitória
E escorando nas alças de vãs filosofias, presas na falta de fé própria, esmoreço, me calo e rastejo em solas gastas.
Ainda sorrirei com o deboche de quem é vendido fracassado, sentindo o chão macio que conforta os tolos.
E virando o tabuleiro vou firmemente fraco, com mãos no tesão do frio metal, que me apoia junto com os vermes que não querem enxergar.
Ao chegar vou me lavar no vinho que meu sangue tornará vermelho, vou dar paz para esse amontoado de pedaços que me faz tentativa de pessoa.
E quero que passem nas bordas e sintam-se atraídos, e que me achem convencido de estar no final do trajeto.
Levantarei com dois sorrisos deboches, por que um só já não preenche a cara de quem deixou uma multidão se afogar no coma alcoólico do sr. cômodo.
E arrancando os trapos me vejo com a sutileza de quem não precisa fazer esforço, escolher entre outros trapos os melhores, entre as solas as menos gastas.
Me enfio entre as pessoas com o olhar de quem pede pão e com a esperteza de quem não vai perder.
E quem outrora achava equivocado os traços do meu caminho, agora entenderá que mesmo na estrada errada no final meu alvo é sempre certo.
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