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-| Cacique

demologo



- Já faz três semanas que eu espero por isso. Queria todo dia, toda hora, mas a liberdade me impõe alguns limites, afinal não se pude ter tudo.

Pedro, ou "cacique" como seus amigos no Rio gostavam de chamá-lo, se tornou mendigo não faz três meses. De jovem empresário filho de família influente, cansou de trabalho, políticas públicas e conforto e foi em busca da liberdade.

Com a roupa de trabalho numa tarde de segunda feira jogou seus documentos pro alto, deu um beijo apertado na sua secretaria e saiu com os olhos latejando de tanto stress.
Não se importava com números, marcas ou caprichos que ele ou alguém poderia ter a respeito da vida. Queria andar e dançar.

Saber que oito horas do seu dia estavam fadadas a ouvir pessoas indiferentes e chefes que ignoravam sua individualidade só tornava o desanimo maior e acelerado.
Conseguia juntar R$ 60,00 por dia com trocados dos engravatados da grande avenida e se divertia com isso.

- Huahauh isso é o dobro do que ganha meu office boy!

Juntava dinheiro durante a semana e um dia antes das noitadas ia até algum hotel barato para trocar de roupas, por outras melhores compradas nos brechós da cidade e para alinhar seus cabelos e pelos.
Apesar da roupa simples, tinha estilo despojado e arrancava suspiros por sua bela aparência.

Transava com mulheres, homens e ambos quando surgia uma oportunidade, mas no final o auge da noite eram as ruas, o céu estrelado e as conversas que ouvia no caminho.

Essas conversas muito lhe rendiam. Está hoje escrevendo um livro num amontoado de papel sujo que carrega na mochila pelas ruas de São Paulo. Elas falam a respeito da humildade de um homem que buscava a liberdade, "Sua humildade era tanto que o teto baixava" citava um trecho.

Ele não sabe mas contraiu AIDS na sua última transa. Daqui três semanas irá morrer por não saber que é aidético e contrair uma simples gripe desse louco tempo de verão. Sua mochila irá ser desprezada no lixo pela equipe que irá recolher seu corpo e seu livro, que seria um dos melhores livros da última década, se perderá no lixão.

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